segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Mundo Dragão V

Desenhos: JOSÉ AGUIAR

Parte 1 

As criança já estavam andando há um longo tempo quando chegaram ao pé da montanha.
 
- Por que não viemos num daqueles carros puxados por besouros? – reclamou Bruno.
 
- Quem tentou matar crianças foi alguém do palácio. – explicou Toku. É mais seguro andarmos sozinhos, por mais que Bruno se canse.
 
Lia interrompeu:
 
- Sabem, eu estava pensando sobre esse enigma que mestre Tao nos propôs. Ele disse que o artefato está na montanha mais alta, e já sabemos que esta é a montanha mais alta. Mas ele disse também que o artefato estaria longe do sol. Como pode estar no topo da montanha mais alta e longe do sol?
 
- Tem razão. – concordou JR. Se ele está lá em cima, deveria era estar próximo do sol...
 
- Acho melhor deixarmos para pensar nisso quando chegarmos lá em cima. Por enquanto o nosso inimigo não são os enigmas. São eles!
 
Toku apontou para o céu. Lá estavam pelo menos 20 águias voando em círculos e gritando ameaçadoramente.
 
Os aventureiros tentaram esquecer o perigo que corriam e se puseram a caminho.
 
A pequena estrada que seguia montanha acima era muito perigosa. Havia pedregulhos aqui e ali, que se soltavam ao se pisar neles e levavam consigo os viajantes morro abaixo.
 
Mais de uma vez, Bruno e Lia foram salvos por Toku e JR quando já estavam a ponto de cair.

JR parecia não sentir tanto o cansaço. Ele subia como um cabrito montanha acima, dando pequenos e firmes pulos, parando às vezes para ver se os amigos não estavam em apuros.
 
À medida em que avançavam, a luz do sol se tornava mais forte.
 
Mas, ao contrário do que se poderia esperar, a temperatura diminuía. 

Na verdade, logo estava tão frio que uma pequena camada de neve cobria as pedras.
 
Além disso, o cansaço começou a dominar a todos. A razão desses dois fenômenos era a mesma: atmosfera terrestre terrestre. 

Ela é feita de gases e, além de nos proteger, segura o oxigênio, que respiramos. 

Faz parte da atmosfera um gás chamado ozônio que funciona como um filtro solar, diminuindo a incidência dos perigosos raios ultravioletas, vindo do sol.

Acontece que, conforme subimos uma montanha, a atmosfera vai ficando mais rarefeita, o que quer dizer que ela vai se tornando fraquinha e não consegue segurar o calor do sol. 

O oxigênio também existe em menor quantidade nos locais mais altos. E, como esse é o gás que nós respiramos, as pessoas vão ficando fracas quando sobem montanhas. 

Há histórias de pessoas que subiram montanhas muito altas e, quando chegaram lá em cima, não tinham mais forças para descer.
 
Assim, a cada metro da subida, parecia que as forças de nossos heróis iam ficando lá embaixo. 

Felizmente a Montanha das Águias, embora fosse a mais alta do Reino Animal não era, nem de longe quanto as montanhas do Himalaia...
 
Estavam na metade do caminho quando pararam para descansar.
 
Eles se sentaram nas pedras e conversaram, resfolegando e soltando fumacinha branca pela boca por causa do frio.
 
- Há uma coisa que não entendo. – disse Lia. Por que as águias não nos atacam?
 
Era verdade. Até então, as enormes aves de rapina apenas voavam lá no alto, soltando gritos aterradores.
 
- As águias estão doidas, mas não são burras. – explicou Toku. Eles estão esperando que crianças fiquem cansadas para só depois atacar.
 
- Ah, por mim elas poderiam atacar logo. – disse Bruno. Estou tão cansado que mal consigo mexer os olhos.
 
Apesar de estarem cansados, todos riram. Até Meia-noite, que estava pousada sobre um galho seco de árvore, soltou um guincho e girou a cabeça.
 
 Ficaram parados lá meia-hora, comendo algumas frutas que Toku levara e recuperando as forças.

Só depois continuaram a subida.

Bruno ainda estava muito cansado e, ao pisar em uma pedra, acabou escorregando. 

JR agarrou-o pela mão, mas, quando procurava um ponto de apoio, perdeu o equilíbrio e os dois despencaram montanha abaixo.

Foi nesse momento que a águias começaram a atacar.

Parte 2

As águias avançaram sobre nossos heróis, atacando-os com suas garras e bicos.
 
Apesar do perigo, Lia se agarrou a uma pedra e olhou para baixo. Bruno e JR estavam lá, pendurados em um galho de árvore. 

A pequena árvore não estava agüentando o peso e ameaçava se desprender a qualquer momento.
 
Lia se pendurou no penhasco, na tentativa de agarrar a mão de seu irmão, enquanto
 
Meia-noite voava sobre ela, protegendo-a das águias.
 
Mas o esforço foi inútil. Eles havia caído muito e Lia não conseguia alcançá-los. 

A menina recuou, lagrimas escorrendo de seus olhos, e se aproximou de Toku.
 
- Estamos perdidos. – ela disse.
 
Os pássaros continuavam atacando e Lia só não foi ferida seriamente porque começou a se defender com um pedaço de pau.
 
Estavam nessa situação crítica quando a coruja simplesmente desapareceu.
 
As águias se concentraram também sobre JR e Bruno, que não tinham como se defender e se tornaram alvos fáceis de suas garras.
 
Nossos heróis já haviam perdido as esperanças quando Meia-noite voltou, trazendo algo em seu bico. 

Ela deu um vôo rasante sobre Lia e soltou, aos seus pés, um pedaço de pano enrolado. 

Depois voltou a alçar vôo e intensificou a defesa contra as águias.

Lia ficou de joelhos e abriu o embrulho.
 
Havia uma moeda lá dentro. Uma moeda de ouro. 

E no tecido estava escrita uma mensagem:
 
Os três porquinhos
Os três poderes
Ascensão e queda
São dois lados da mesma moeda

- Como é que é? – Lia coçou a cabeça. O que isso quer dizer?
 
As águias continuavam voando ameaçadoramente sobre sua cabeça e só não a bicavam porque Meia-noite intervinha. 

A menina não prestava atenção. 

Ela estava envolvida com o novo enigma, que provavelmente havia sido enviado também pelo Mestre Tao.
 
De repente ela deu um pulo.
 
- Já sei! Ascender é subir. Queda é descer, cair. Se ascensão e queda são dois lados da mesma moeda, então basta virar a moeda para que o que está voando caia e o que está caindo voe...
 
Disse isso e pegou a moeda. Fechou os olhos, concentrada, e inverteu a moeda, colocando-a novamente no pano.
 
Quando voltou a abrir os olhos, algo incrível havia acontecido: Bruno e JR estavam flutuando no ar, enquanto as águas estavam estateladas no chão, ao pé da montanha.
 
- Uhu! Eu posso voar! – gritou Bruno, imitando o Super-homem.
 
- Toku acha melhor parar com brincadeiras. O efeito logo vai passar e Bruno vai cair.
 
- Desmancha prazeres. – resmungou Bruno, descendo junto com JR.

Lia pegou a moeda e voltaram a subir a montanha.
 
Em alguns minutos eles haviam chegado ao cume, mas nada do artefato.
 
Resolveram se separar e procurar. JR estava muito empolgado com a idéia de ser o primeiro a ter um artefato e pulava de lá para cá, atrás do mesmo.
 
Lia, ao contrário, andava calmamente, refletindo sobre o enigma.
 
- No alto da montanha... longe do sol... como pode?
 
De repente ela teve um estalo:
 
- Claro! O artefato só pode estar em uma caverna!
 
De fato, ali por perto havia uma caverna. 

Era uma abertura estreita no meio das rochas, mais parecida com um buraco de Hobbit. 

A menina ficou com medo de que tivesse animais lá dentro, mas encheu-se de coragem e entrou. 

Era necessário abaixar a cabeça para andar pelo corredor, mas o esforço valeu a pena.
 
Lá estava o artefato, no fundo do corredor. Embora nem um fiozinho de luz do sol chegasse até ali, era fácil achá-lo, pois emitia uma suave luz alaranjada.
 
Lia pegou-o e correu para mostrar aos amigos. 

Correr é jeito de falar, pois o corredor era tão estreito que ela mal conseguir andar.
 
Mas enfim chegou ao ar livre e gritou a plenos pulmões:
 
- Encontrei! Encontrei o artefato!
 
Todos vieram ver. Não parecia uma arma. Era antes uma caixa no formato de pentágono e com algumas ilustrações.
 
- Como será que isso funciona? – perguntou Bruno.
 
- Como venceremos a grande abelha com isso?

-Será que aquele era mesmo o artefato capaz de vencer Apícula? 
-Será que todo o esforço para subir a montanha havia sido em vão? 
-Não perca as próximas aventuras do Mundo Dragão!

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